Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?


Luís de Camões



Amor mil vezes já me tem mostrado


Amor mil vezes já me tem mostrado
o ser-me vida o mesmo fogo ardente,
como quem queima um dedo e facilmente
no mesmo fogo o torna a ver curado.

Meu mal, tristeza, dor, pena e cuidado,
o bem, a vida alegre, ser contente
naquela vista pura e excelente
pôs, por essa maneira, o tempo e fado.

Que veja mil mudanças num momento,
que cresça nelas todas sempre a dor
não sei, que os meus castelos são de vento!

O tempo, que vos mostra ser senhor,
por mais que contra mi se mostre isento,
há-de tornar por tempo tudo amor.


Luís Vaz de Camões

Canção X




Vinde cá, meu tão certo secretário
dos queixumes que sempre ando fazendo,
papel, com que a pena desafogo!
As sem-razões digamos que, vivendo,
me faz o inexorável e contrário
Destino, surdo a lágrimas e a rogo.
Deitemos água pouca em muito fogo;
acenda-se com gritos um tormento
que a todas as memórias seja estranho.
Digamos mal tamanho
a Deus, ao mundo, à gente e, enfim, ao vento,
a quem já muitas vezes o contei,
tanto debalde como o conto agora;
mas, já que para errores fui nascido,
vir este a ser um deles não duvido.
Que, pois já de acertar estou tão fora,
não me culpem também, se nisto errei.
Sequer este refúgio só terei:
falar e errar sem culpa, livremente.
Triste quem de tão pouco está contente!

Já me desenganei que de queixar-me
não se alcança remédio; mas quem pena,
forçado lhe é gritar se a dor é grande.
Gritarei; mas é débil e pequena
a voz para poder desabafar-me,
porque nem com gritar a dor se abrande.
Quem me dará sequer que fora mande
lágrimas e suspiros infinitos
iguais ao mal que dentro n'alma mora?
Mas quem pode algü'hora
medir o mal com lágrimas ou gritos?
Enfim, direi aquilo que me ensinam
a ira, a mágoa, e delas a lembrança,
que é outra dor por si, mais dura e firme.
Chegai, desesperados, para ouvir-me,
e fujam os que vivem de esperança
ou aqueles que nela se imaginam,
porque Amor e Fortuna determinam
de lhe darem poder para entenderem,
à medida dos males que tiverem.

Quando vim da materna sepultura
de novo ao mundo, logo me fizeram
Estrelas infelices obrigado;
com ter livre alvedrio, mo não deram,
que eu conheci mil vezes na ventura
o milhor, e pior segui, forçado.
E, para que o tormento conformado
me dessem com a idade, quando abrisse
inda minino, os olhos, brandamente,
manda que, diligente,
um Minino sem olhos me ferisse.
As lágrimas da infância já manavam
com üa saudade namorada:
o som dos gritos, que no berço dava.
já como de suspiros me soava.
Co a idade e Fado estava concertado;
porque quando, por caso, me embalavam,
se versos de Amor tristes me cantavam,
logo m adormecia a natureza,
que tão conforme estava co a tristeza.

Foi minha ama üa fera, que o destino
não quis que mulher fosse a que tivesse
tal nome para mim; nem a haveria.
Assi criado fui, porque bebesse
o veneno amoroso, de minino,
que na maior idade beberia,
e. por costume, não me mataria.
Logo então vi a imagem e semelhança
daquela humana fera tão fermosa,
suave e venenosa,
que me criou aos peitos da esperança;
de quem eu vi despois o original,
que de todos os grandes desatinos
faz a culpa soberba e soberana.
Parece-me que tinha forma humana,
mas cintilava espíritos divinos.
Um meneio e presença tinha tal
na vista dela; a sombra, co a viveza,
excedia o poder da Natureza.

Não sei como sabia estar roubando
cos raios das entranhas, que fugiam
por ela, pelos olhos sutilmente!
Pouco a pouco invencíveis me saíam,
bem como do véu húmido exalando
está o sutil humor o Sol ardente.
Enfim, o gesto puro e transparente,
para quem fica baixo e sem valia
deste nome de belo e de fermoso;
o doce e piadoso
mover d'olhos, que as almas suspendia
foram as ervas mágicas, que o Céu
me fez beber; as quais, por longos anos,
noutro ser me tiveram transformado,
e tão contente de me ver trocado
que as mágoas enganava cos enganos;
e diante dos olhos punha o véu
que me encobrisse o mal, que assi creceu,
como quem com afagos se criava
daquele para quem crecido estava.

Que género tão novo de tormento
teve Amor, que não fosse, não somente
provado em mim, mas todo executado?
Implacáveis durezas, que o fervente
desejo, que dá força ao pensamento,
tinham de seu propósito abalado,
e de se ver, corrido e injuriado;
aqui, sombras fantásticas, trazidas
de algüas temerárias esperanças;
as bem-aventuranças
nelas também pintadas e fingidas;
mas a dor do desprezo recebido,
que a fantasia me desatinava,
estes enganos punha em desconcerto;
aqui, o adevinhar e o ter por certo
que era verdade quanto adevinhava,
e logo o desdizer-se, de corrido;
dar às cousas que via outro sentido,
e para tudo, enfim, buscar razões;
mas eram muitas mais as sem-razões.

Pois quem pode pintar a vida ausente,
com um descontentar-me quanto via,
e aquele estar tão longe donde estava;
o falar, sem saber o que dezia;
andar, sem ver por onde, e juntamente
suspirar sem saber que suspirava?
Pois quando aquele mal m'atormentava
e aquela dor que das Tartáreas águas
saiu ao mundo, e mais que todas doe,
que tantas vezes soe
duras iras tornar em brandas mágoas;
agora, co furor da mágoa irado,
querer e não querer deixar d'amar,
e mudar noutra parte por vingança
o desejo privado de esperança,
que tão mal se podia já mudar;
agora, a saudade do passado
tormento. puro, doce e magoado,
fazia converter estes furores
em magoadas lágrimas de amores.

Que desculpas comigo que buscava
quando o suave Amor me não sofria
culpa na cousa amada, e tão amada!
Enfim, eram remédios que fingia
o medo do tormento que ensinava
a vida a sustentar-se, de enganada.
Nisto üa parte dela foi passada,
na qual se tive algum contentamento
breve, imperfeito, tímido, indecente,
não foi senão semente
de longo e amaríssimo tormento.
Este curso contino de tristeza,
estes passos tão vamente espalhados,
me foram apagando o ardente gosto
que tão de siso n'alma tinha posto,
daqueles pensamentos namorados
em que eu criei a tenra natureza,
que do longo costume da aspereza,
contra quem força humana não resiste,
se converteu no gosto de ser triste.

Destarte a vida noutra fui trocando;
eu não, mas o destino fero, irado,
que eu ainda assi por outra não trocara.
Fez-me deixar o pátrio ninho amado,
passando o longo mar, que ameaçando
tantas vezes me esteve a vida cara.
Agora, exprimentando a fúria rara
de Marte, que cos olhos quis que logo
visse e tocasse o acerbo fruto seu
(e neste escudo meu
a pintura verão do infesto fogo);
agora, peregrino vago e errante,
vendo nações, linguages e costumes,
Céus vários, qualidades diferentes,
só por seguir com passos diligentes
a ti, Fortuna injusta, que consumes
as idades, levando-lhe diante
üa esperança em vista de diamante,
mas quando das mãos cai se conhece
que é frágil vidro aquilo que aparece.

A piadade humana me faltava,
a gente amiga já contrária via,
no primeiro perigo; e, no segundo,
terra em que pôr os pés me falecia,
ar para respirar se me negava,
e faltavam-me, enfim. o tempo e o mundo.
Que segredo tão árduo e tão profundo:
nascer para viver, e para a vida
faltar-me quanto o mundo tem para ela!
E não poder perdê-la,
estando tantas vezes já perdida!
Enfim, não houve transe de fortuna,
nem perigos, nem casos duvidosos,
injustiças daqueles, que o confuso
regimento do mundo, antigo abuso,
faz sobre os outros homens poderosos,
que eu não passasse, atado à grã coluna
do sofrimento meu, que a importuna
perseguição de males em pedaços
mil vezes fez, à força de seus braços.

Não conto tanto males como aquele
que, despois da tormenta procelosa,
os casos dela conta em porto ledo;
que inda agora a Fortuna flutuosa
a tamanhas misérias me compele,
que de dar um só passo tenho medo.
Já de mal que me venha não me arredo,
nem bem que me faleça já pretendo,
que para mim não val astúcia humana;
de força soberana,
da Providência, enfim, divina, pendo.
Isto que cuido e vejo, às vezes tomo
para consolação de tantos danos.
Mas a fraqueza humana, quando lança
os olhos no que corre, e não alcança
senão memória dos passados anos,
as águas que então bebo, e o pão que como,
lágrimas tristes são, que eu nunca domo
senão com fabricar na fantasia
fantásticas pinturas de alegria.

Que se possível fosse, que tornasse
o tempo para trás, como a memória,
pelos vestígios da primeira idade,
e de novo tecendo a antiga história
de meus doces errores, me levasse
pelas flores que vi da mocidade;
e a lembrança da longa saudade
então fosse maior contentamento,
vendo a conversação leda e suave,
onde üa e outra chave
esteve de meu novo pensamento,
os campos, as passadas, os sinais,
a fermosura, os olhos, a brandura,
a graça, a mansidão, a cortesia,
a sincera amizade, que desvia
toda a baixa tenção, terrena, impura,
como a qual outra algüa não vi mais...
Ah! vãs memórias, onde me levais
o fraco coração, que ainda não posso
domar este tão vão desejo vosso?

Nô mais, Canção, nô mais; qu'irei falando
sem o sentir, mil anos. E se acaso
te culparem de larga e de pesada,
não pode ser (lhe dize) limitada
a água do mar em tão pequeno vaso.
Nem eu delicadezas vou cantando
co gosto do louvor, mas explicando
puras verdades já por mim passadas.
Oxalá foram fábulas sonhadas!



Luís Vaz de Camões

Canção IX




Manda-me Amor que cante docemente
o que ele já em minh' alma tem impresso
com pressuposto de desabafar-me;
e por que com meu mal seja contente,
diz que ser de tão lindos olhos preso,
contá-lo bastaria a contentar-me.
Este excelente modo de enganar-me
tomara eu só de Amor por interesse,
se não se arrependesse,
coa pena o engenho escurecendo.
Porém a mais me atrevo,
em virtude do gesto de que escrevo;
e se é mais o que canto que o que entendo,
invoco o lindo aspeito,
que pode mais que Amor em meu defeito.

Sem conhecer Amor viver soía,
seu arco e seus enganos desprezando,
quando vivendo deles me mantinha.
O Amor enganoso, que fingia
mil vontades alheias enganando,
me fazia zombar de quem o tinha.
No Touro entrava Febo, e Progne vinha;
o corno de Aqueloo Flora entornava,
quando o Amor soltava
os fios de ouro, as tranças encrespadas
ao doce vento esquivas,
dos olhos rutilando chamas vivas,
e as rosas antre a neve semeadas,
co riso tão galante
que um peito desfizera de diamante.

Um não sei que suave, respirando,
causava um admirado e novo espanto,
que as cousas insensíveis o sentiam.
E as gárrulas aves levantando
vozes desordenadas em seu canto,
como em meu desejo se encendiam.
As fontes cristalinas não corriam,
inflamadas na linda vista pura;
florescia a verdura
que, andando, cos divinos pés tocava;
os ramos se abaixavam,
tendo enveja das ervas que pisavam
- ou porque tudo ante ela se abaixava -.
Não houve cousa, enfim,
que não pasmasse dela, e eu de mim.

Porque quando vi dar entendimento
às cousas que o não tinham, o temor
me fez cuidar que efeito em mim faria.
Conheci-me não ter conhecimento;
e nisto só o tive, porque Amor
mo deixou, por que visse o que podia.
Tanta vingança Amor de mim queria
que mudava a humana natureza:
os montes e a dureza
deles, em mim, por troca, traspassava.
Oh, que gentil partido:
trocar o ser do monte sem sentido
pelo que num juízo humano estava!
Olhai que doce engano:
tirar comum proveito de meu dano!

Assi que, indo perdendo o sentimento
a parte racional, me entristecia
vê-la a um apetite sometida;
mas dentro n' alma o fim do pensamento
por tão sublime causa me dezia
que era razão ser a razão vencida.
Assi que, quando a via ser perdida,
a mesma perdição a restaurava;
e em mansa paz estava
cada um com seu contrário num sujeito.
Oh, grão concerto este!
Quem será que não julgue por celeste
a causa donde vem tamanho efeito,
que faz num coração
que venha o apetite a ser razão?

Aqui senti de Amor a mor fineza,
como foi ver sentir o insensível,
e o ver a mim de mim mesmo perder-me.
Enfim, senti negar-se a natureza;
por onde cri que tudo era possível
aos lindos olhos seus, senão querer-me.
Despois que já senti desfalecer-me,
em lugar do sentido que perdia,
não sei que me escrevia
dentro n' alma, coas letras da memória,
o mais deste processo
co claro gesto juntamente impresso
que foi a causa de tão longa história.
Se bem a declarei,
eu não a escrevo, da alma a trasladei.

Canção, se quem te ler
não crer dos olhos lindos o que dizes,
pelo que em si escondem,
os sentidos humanos lhe respondem:
bem podem dos divinos ser juízes.



Luís Vaz de Camões

Canção VIII




Com força desusada
aquenta o fogo eterno
üa ilha lá nas partes do Oriente,
de estranhos habitada,
aonde o duro Inverno
os campos reverdece alegremente.
A lusitana gente,
por armas sanguinosas,
tem dela o senhorio.
Cercada está dum rio
de marítimas águas saudosas;
das ervas que aqui nascem,
os gados juntamente e os olhos pascem.

Aqui minha ventura
quis que üa grã parte
da vida, que não tinha, se passasse,
para que a sepultura
nas mãos do fero Marte
de sangue e de lembranças matizasse.
Se Amor determinasse
que, a troco desta vida,
de mim qualquer memória
ficasse, como história
que de uns fermosos olhos fosse lida,
a vida e alegria
por tão doce memória trocaria.

Mas este fingimento,
por minha dura sorte,
com falsas esperanças me convida.
Não cuide o pensamento
que pode achar na morte
o que não pôde achar tão longa vida.
Está já tão perdida
a minha confiança
que, de desesperado
em ver meu triste estado,
também da morte perco a esperança.
Mas oh! que, se algum dia
desesperar pudesse, viveria.

De quanto tenho visto
já agora não me espanto,
que até desesperar se me defende.
Outrem foi causa disto,
que eu nunca pude tanto
que causasse este fogo que me encende.
Se cuidam que me ofende
temor de esquecimento,
oxalá meu perigo
me fora tão amigo
que algum temor deixara ao pensamento!
Quem viu tamanho enleio
que houvesse aí esperança sem receio?

Quem tem que perder possa
se pode recear.
Mas triste quem não pode já perder!
Senhora, a culpa é vossa,
que para me matar
bastara üa hora só de vos não ver.
Pusestes-me em poder
de falsas esperanças;
e, do que mais me espanto:
que nunca vali tanto
que vivesse também com esquivanças.
Valia tão pequena
não pode merecer tão doce pena.

Houve-se Amor comigo
tão brando e pouco irado,
quanto agora em meus males se conhece;
que não há mor castigo
para quem tem errado
que negar-lhe o castigo que merece.
E bem como acontece
que, assi como ao doente
da cura despedido,
o médico sabido
tudo quanto deseja lhe consente.
assi me consentia
esperança, desejo e ousadia.

E agora venho a dar
conta do bem passado
a esta triste vida e longa ausência.
Quem pode imaginar
que pode haver pecado
que mereça tão grave penitência?
Olhai que e consciência,
por tão pequeno erro,
Senhora, tanta pena!
Não vedes que é onzena?
Mas se tão longo e mísero desterro
vos dá contentamento,
nunca se acabe nele meu tormento.

Rio fermoso e claro,
e vós, ó arvoredos,
que os justos vencedores coroais,
e ao cultor avaro,
continuamente ledos,
dum tronco só diversos frutos dais:
assi nunca sintais
do tempo injúria algüa;
que em vós achem abrigo
as mágoas que aqui digo,
enquanto der o Sol virtude à Lüa;
por que de gente em gente
saibam que já não mata a vida ausente.

Canção, neste desterro viverás,
voz nua e descoberta,
até que o tempo em Eco te converta.



Luís Vaz de Camões

Canção VII




Junto de um seco, fero e estéril monte,
inútil e despido, calvo, informe,
da natureza em tudo aborrecido,
onde nem ave voa, ou fera dorme,
nem rio claro corre, ou ferve fonte,
nem verde ramo faz doce ruído;
cujo nome, do vulgo introduzido,
é Félix, por antífrase infelice;
o qual a Natureza
situou junto a parte
onde um braço de mar alto reparte
Abássia da arábica aspereza,
onde fundada já foi Berenice,
ficando a parte donde
o Sol que nele ferve se lhe esconde;

nele aparece o Cabo com que a costa
africana, que vem do Austro correndo,
limite faz, Arómata chamado
(Arómata outro tempo; que, volvendo
os céus, a ruda língua mal composta
dos próprios outro nome lhe tem dado).
Aqui, no mar que quer apressurado
entrar pela garganta deste braço,
me trouxe um tempo e teve
minha fera ventura.
Aqui, nesta remota, áspera e dura
parte do mundo, quis que a vida breve
também de si deixasse um breve espaço,
por que ficasse a vida
pelo mundo em pedaços repartida.

Aqui me achei gastando uns tristes dias,
tristes, forçados, maus e solitários,
trabalhosos, de dor e de ira cheios,
não tendo tão-somente por contrários
a vida, o sal ardente e águas frias,
os ares grossos, férvidos e feios;
mas os meus pensamentos, que são meios
para enganar a própria Natureza,
também vi contra mi,
trazendo-me à memória
algüa já passada e breve glória,
que eu já no mundo vi, quando vivi,
por me dobrar dos males a aspereza,
por me mostrar que havia
no mundo muitas horas de alegria.

Aqui estive eu co estes pensamentos
gastando o tempo e a vida; os quais tão alto
me subiam nas asas que caía
– e vede se seria leve o salto! –
de sonhados e vãos contentamentos
em desesperação de ver um dia.
Aqui o imaginar se convertia
num súbito chorar e nuns suspiros,
que rompiam os ares.
Aqui, a alma cativa,
chagada toda, estava em carne viva,
de dores rodeada e de pesares,
desamparada e descoberta aos tiros
da soberba Fortuna:
soberba, inexorável e importuna.

Não tinha parte donde se deitasse,
nem esperança algüa onde a cabeça
um pouco reclinasse, por descanso.
Todo lhe é dor e causa que padeça,
mas que pereça não, por que passasse
o que quis o Destino nunca manso.
Oh! que este irado mar, gritando, amanso!
Estes ventos da voz importunados,
parece que se enfreiam!
Somente o Céu severo,
as Estrelas e o Fado sempre fero
com meu perpétuo dano se recreiam,
mostrando-se potentes e indignados
contra um corpo terreno,
bicho da terra vil e tão pequeno.

Se de tantos trabalhos só tirasse
saber inda por certo que algüa hora
lembrava a uns claros olhos que já vi;
e se esta triste voz, rompendo fora,
as orelhas angélicas tocasse
daquela em cujo riso já vivi;
a qual, tornada um pouco sobre si,
revolvendo na mente pressurosa
os tempos já passados
de meus doces errores,
de meus suaves males e furores,
por ela padecidos e buscados,
tornada – inda que tarde – piadosa,
um pouco lhe pesasse
e consigo por dura se julgasse;

isto só que soubesse, me seria
descanso para a vida que me fica;
co isto afagaria o sofrimento.
Ah! Senhora, Senhora, que tão rica
estais que, cá tão longe, de alegria
me sustentais cum doce fingimento!
Em vos afigurando o pensamento,
foge todo o trabalho e toda a pena.
Só com vossas lembranças
me acho seguro e forte
contra o rosto feroz da fera Morte,
e logo se me ajuntam esperanças
com que a fronte, tornada mais serena,
torna os tormentos graves
em saudades brandas e suaves.

Aqui co eles fico, perguntando
aos ventos amorosos, que respiram
da parte donde estais, por vós, Senhora;
às aves que ali voam, se vos viram,
que fazíeis, que estáveis praticando,
onde, como, com quem, que dia e que hora.
Ali a vida cansada, que melhora,
toma novos espritos, com que vença
a Fortuna e Trabalho,
só por tornar a ver-vos,
só por ir a servir-vos e querer-vos.
Diz-me o Tempo que a tudo dará talho;
mas o Desejo ardente, que detença
nunca sofreu, sem tento
me abre as chagas de novo ao sofrimento.

Assi vivo; e se alguém te perguntasse,
Canção, como não mouro,
podes-lhe responder que porque mouro.



Luís Vaz de Camões

Canção VI




Vão as serenas águas
do Mondego descendo
mansamente que até o mar não param;
por onde minhas mágoas,
pouco a pouco crecendo,
para nunca acabar se começaram.
Ali se ajuntaram
neste lugar ameno,
aonde agora mouro,
testa de neve e ouro,
riso brando, suave, olhar sereno,
um gesto delicado,
que sempre n' alma me estará pintado.

Nesta florida terra,
leda, fresca e serena,
ledo e contente para mim vivia,
em paz com minha guerra,
contente com a pena
que de tão belos olhos procedia.
Um dia noutro dia
o esperar me enganava;
longo tempo passei,
com a vida folguei,
só porque em bem tamanho me empregava.
Mas que me presta já,
que tão fermosos olhos não os há?

Oh, quem me ali dissera
que de amor tão profundo
o fim pudesse ver inda algüa hora!
Oh, quem cuidar pudera
que houvesse aí no mundo
apartar-me eu de vós, minha Senhora,
para que desde agora
perdesse a esperança,
e o vão pensamento,
desfeito em um momento,
sem me poder ficar mais que a lembrança,
que sempre estará firme
até o derradeiro despedir-me.
Mas a mor alegria
que daqui levar posso,
com a qual defender-me triste espero,
é que nunca sentia
no tempo que fui vosso
quererdes-me vós quanto vos eu quero;
porque o tormento fero
de vosso apartamento
não vos dará tal pena
como a que me condena:
que mais sentirei vosso sentimento
que o que minha alma sente.
Morra eu, Senhora; e vós ficai contente!

Canção, tu estarás
aqui acompanhando
estes campos e estas claras águas,
e por mim ficarás
chorando e suspirando,
e ao mundo mostrando tantas mágoas
que, de tão larga história,
minhas lágrimas fiquem por memória.


Luís Vaz de Camões

Canção V




Já a roxa manhã clara
do Oriente as portas vem abrindo,
dos montes descobrindo
a negra escuridão da luz avara.
O Sol, que nunca pára,
de sua alegre vista saudoso,
trás ela, pressuroso,
nos cavalos cansados do trabalho,
que respiram nas ervas fresco orvalho,
se estende, claro, alegre e luminoso.
Os pássaros, voando
de raminho em raminho, modulando
com üa suave e doce melodia,
o claro dia estão manifestando.

A manhã bela e amena
seu rosto descobrindo, a espessura
se cobre de verdura
branda, suave, angélica, serena.
Ó deleitosa pena,
ó efeito de Amor tão preeminente
que permite e consente
que, onde quer que me ache e onde esteja,
o seráfico gesto sempre veja,
por quem de viver triste sou contente!
Mas tu, Aurora pura,
de tanto bem dá graças à ventura,
pois as foi pôr em ti tão diferentes,
que representes tanta fermosura.

A luz suave e leda
a meus olhos me mostra por quem mouro,
e os cabelos de ouro
não igual' aos que vi, mas arremeda:
esta é a luz que arreda
a negra escuridão do sentimento
ao doce pensamento;
o orvalho das flores delicadas
são nos meus olhos lágrimas cansadas,
que eu choro co prazer de meu tormento;
os pássaros que cantam
os meus espritos são, que a voz levantam,
manifestando o gesto peregrino
com tão divino som que o mundo espantam.

Assi como acontece
a quem a cara vida esta perdendo,
que, enquanto vai morrendo,
algüa visão santa lhe aparece;
a mim, em quem falece
a vida, que sois vós, minha Senhora,
a esta alma que em vós mora
- enquanto da prisão se está apartando -
vos estais juntamente apresentando
em forma da fermosa e roxa Aurora.
Ó ditosa partida!
Ó glória soberana, alta e subida,
se mo não impedir o meu desejo;
porque o que vejo, enfim, me torna a vida!

Porém a Natureza,
que nesta vida pura se mantinha,
me falta tão asinha,
quão asinha o Sol falta à redondeza.
Se houverdes que é fraqueza
morrer em tão penoso e triste estado,
Amor será culpado,
ou vós, onde ele vive tão isento
que causastes tão longo apartamento,
por que perdesse a vida co cuidado.
Que se viver não posso
- um homem sou só, de carne e osso –,
esta vida que perco, Amor ma deu;
que não sou meu: se mouro, o dano é vosso.

Canção de cisne, feita n'hora extrema:
na dura pedra fria
da memória te deixo, em companhia
do letreiro de minha sepultura;
que a sombra escura já me impede o dia.


Luís Vaz de Camões

Canção IV




A instabilidade da Fortuna,
os enganos suaves de Amor cego,
– suaves, se duraram longamente –,
direi, por dar a vida algum sossego;
que pois a grave pena me importuna,
importune meu canto a toda a gente.
E se o passado bem co mal presente
me endurece a voz no peito frio,
o grande desvario
dará de minha pena sinal certo;
que um erro, em tantos erros, e concerto.
E pois nesta verdade me confio
– se verdade se achar no mal que digo –,
saiba o mundo de Amor o desconcerto,
que já co a Razão se fez amigo,
só por não deixar culpa sem castigo.

Já Amor fez leis, sem ter comigo algüa;
já se tornou, de cego, arrazoado,
só por usar comigo sem-razões.
E se em algüa cousa o tenho errado,
com siso grande dor não vi nenhüa,
nem ele deu sem erros afeições.
Mas, por usar de suas isenções,
buscou fingidas causas por matar-me;
que, para derrubar-me
no abismo infernal de meu tormento,
não foi soberbo nunca o pensamento,
nem pretende mais alto alevantar-me
daquilo que ele quis; e se ele ordena
que eu pague seu ousado atrevimento,
saiba que o mesmo Amor, que me condena,
me fez cair na culpa e mais na pena.

Os olhos que eu adoro, aquele dia
que desceram ao baixo pensamento,
n' alma os aposentei suavemente;
e pretendendo mais, como avarento,
o coração lhe dei por iguaria,
que a meu mandado tinha obediente.
Porém como ante si lhe foi presente
que entenderam o fim de meu desejo,
ou por outro despejo,
que a língua descobriu por desvario,
de sede morto estou posto num rio,
onde de meu serviço o fruto vejo;
mas logo se alça, se a colhê-lo venho,
e foge-me a água, se beber porfio.
Assi que em fome e sede me mantenho:
não tem Tântalo a pena que eu sustenho.

Despois que aquela em quem minh' alma vive
quis alcançar o baixo atrevimento,
debaixo deste engano a alcancei:
a nuvem do contino pensamento
ma afigurou nos braços, e assi a tive,
sonhando o que acordado desejei.
Porque a meu desejo me gabei
de alcançar um bem de tanto preço,
além do que padeço,
atado em üa roda estou penando,
que em mil mudanças me anda rodeando,
onde, se a algum bem subo, logo deço.
E assi ganho e perco a confiança;
e assi de mi fugindo, trás mi ando;
e assi me tem atado üa vingança,
como Ixião, tão firme na mudança.

Quando a vista suave e inumana
meu humano desejo, de atrevido,
cometeu, sem saber o que fazia,
que de sua beleza foi nacido,
o cego Moço que, coa seta insana,
o pecado vingou desta ousadia,
e afora este mal que eu merecia,
me deu outra maneira de tormento:
que nunca o pensamento,
que sempre voa düa a outra parte,
destas entranhas tristes não se farte,
imaginando sobre o famulento,
quanto mais come, mais está crecendo,
por que de atormentar-me não se aparte.
Assi que para a pena estou vivendo,
sou outro novo Tício, e não me entendo.

De vontades alheias, que roubava,
e que enganosamente recolhia
em meu fingido peito, me mantinha.
De maneira o engano lhe fingia
que, depois que a meu mando as sojugava,
com amor as matava, que eu não tinha.
Porém, logo o castigo que convinha
o vingativo Amor me fez sentir,
fazendo-me subir
ao monte da aspereza que em vós vejo,
co pesado penedo do desejo,
que do cume do bem me vai cair.
Torno a subi-lo ao desejado assento;
torna a cair-me; embalde, enfim, pelejo.
Não te espantes, Sísifo, deste alento,
que às costas o subi do sofrimento.

Dest'arte o sumo bem se me oferece
ao faminto desejo, por que sinta
a perda de perdê-lo mais penosa.
Como o avaro a quem o sonho pinta
achar tesouro grande, onde enriquece
e farta sua sede cobiçosa
e, acordando, com fúria pressurosa
vai cavar o lugar onde sonhava,
mas tudo o que buscava
lhe converte em carvão a desventura;
ali sua cobiça mais se apura,
por lhe faltar aquilo que esperava;
dest'arte Amor me faz perder o siso.
Porque aqueles, que estão na noite escura,
nunca sentirão tanto o triste abiso,
se ignorarem o bem do Paraíso.

Canção, nô mais, que já não sei que digo;
mas por que a dor me seja menos forte,
diga o pregão a causa desta morte.



Luís Vaz de Camões

Canção III




Tomei a triste pena
já de desesperado
de vos lembrar as muitas que padeço,
com ver que me condena
a ficar eu culpado
o mal que me tratais e o que mereço.
Confesso que conheço
que, em parte, eu causei
o mal em que me vejo,
pois sempre meu desejo
tão comprido, em vós cumprir deixei;
mas não tive suspeita
que seguísseis tenção tão imperfeita.

Se em vosso esquecimento
tão envolto estou
como os sinais demonstram, que mostrais;
vivo neste tormento,
lembranças mais não dou
que a que de razão tomar queirais.
Olhai que me tratais
assi de dia em dia
com vossas esquivanças;
e as vossas esperanças,
de que vamente eu me enriquecia,
renovam a memória;
pois com tê-la de vós só tenho glória.

E se isto conhecêsseis
que e verdade pura,
como ouro de Arábia reluzente,
inda que não quisésseis,
a condição tão dura
mudáreis noutra muito diferente.
E eu, como inocente
que estou neste caço,
isto em mãos pusera
de quem sentença dera
– que ficasse o direito justo e raso –,
se não arreceara
que a vós por mim, e a mim por vós, matara.

Em vós escrita vi
vossa grande dureza,
e n' alma escrita está que de vós vive.
Não que acabasse ali
sua grande firmeza
o triste desengano que então tive;
porque antes que a dor prive
de todo meus sentidos,
ao grande tormento
acode o entendimento
com dous fortes soldados, guarnecidos
de rica pedraria,
que ficam sendo minha luz e guia.

Destes acompanhado,
estou posto sem medo
a tudo o que o fatal destino ordene;
pode ser que, cansado,
ou seja tarde ou cedo,
com pena de penar-me, me despene.
E quando me condene
- que isto e o que espero -
inda a maiores dores,
perdidos os temores.
por mais que venha, não direi: não quero.
Contudo estou tão forte
que nem me mudara a mesma morte.

Canção, se já não queres
ver tanta crueldade,
lá vás onde verás minha verdade.



Luís Vaz de Camões

Canção II




Se este meu pensamento,
como é, doce e suave,
de alma pudesse vir gritando fora,
mostrando seu tormento
cruel, áspero e grave,
diante de vós só, minha Senhora,
pudera ser que agora
o vosso peito duro
tornara manso e brando.
E eu que sempre ando
pássaro solitário, humilde, escuro,
tornado um cisne puro,
brando e sonoro pelo ar voando,
com canto manifesto,
pintara meu tormento e vosso gesto.

Pintara os olhos belos
que trazem nas mininas
o Minino que os seus neles cegou;
e os dourados cabelos
em tranças de ouro finas
a quem o Sol seus raios abaixou;
a testa que ordenou
Natura tão fermosa;
o bem proporcionado
nariz, lindo, afilado,
que a cada parte tem a fresca rosa;
a boca graciosa
– que querê-la louvar é escusado –,
enfim, é um tesouro:
os dentes, perlas; as palavras, ouro.

Vira-se claramente,
ó Dama delicada,
que em vós se esmerou a Natureza;
e eu, de gente em gente,
trouxera trasladada
em meu tormento vossa gentileza.
Somente a aspereza
de vossa condição,
Senhora, não dissera,
por que se não soubera
que em vós podia haver algum senão.
E se alguém, com razão,
«Porque morres?» dissera, respondera:
«Mouro porque é tão bela
que inda não sou pera morrer por ela».

E se porventura,
Dama, vos ofendesse,
escrevendo de vós o que não sento,
e vossa fermosura
tão baixo não descesse
que a alcançasse um baixo entendimento,
seria o fundamento
daquilo que cantasse
todo de puro amor,
por que vosso louvor
em figura de mágoas se mostrasse.
E onde se julgasse
a causa pelo efeito, minha dor
diria ali sem medo:
«quem me sentir verá de quem procedo».

Então amostraria
os olhos saudosos,
o suspirar que a alma traz consigo,
a fingida alegria,
os passos vagarosos,
o falar, o esquecer-me do que digo;
um pelejar comigo,
e logo desculpar-me;
um recear, ousando;
andar meu bem buscando,
e de poder achá-lo acovardar-me;
enfim, averiguar-me
que o fim de tudo quanto estou falando
são lágrimas e amores;
são vossas isenções e minhas dores.

Mas quem terá, Senhora,
palavras com que iguale
com vossa fermosura minha pena;
que em doce voz de fora
aquela glória fale
que dentro na minh' alma Amor ordena?
Não pode tão pequena
força de engenho humano
com carga tão pesada,
se não for ajudada
dum piadoso olhar, dum doce engano
que, fazendo-me o dano
tão deleitoso e a dor tão moderada,
que enfim se convertesse
nos gostos dos louvores que escrevesse.

Canção, não digas mais; e se teus versos
à pena vêm pequenos,
não queiram de ti mais, que dirás menos.



Luís Vaz de Camões

Canção I




Fermosa e gentil Dama, quando vejo
a testa de ouro e neve, o lindo aspeito,
a boca graciosa, o riso honesto,
o marmóreo colo e branco peito,
de meu não quero mais que meu desejo,
nem mais de vos que ver tão lindo gesto.
Ali me manifesto
por vosso a Deus e ao mundo; ali me inflamo
nas lágrimas que choro;
e de mim, que vos amo,
em ver que soube amar-vos, me namoro;
e fico por mim só perdido, de arte
que hei ciúmes de mim por vossa parte.

Se porventura vivo descontente
por fraqueza de esprito, padecendo
a doce pena que entender não sei,
fujo de mim e acolho-me, correndo,
à vossa vista; e fico tão contente
que zombo dos tormentos que passei.
De quem me queixarei
se vós me dais a vida deste jeito
nos males que padeço,
senão de meu sujeito,
que não cabe com bem de tanto preço?
Mas ainda isso de mim cuidar não posso,
de estar muito soberbo com ser vosso.

Se, por algum acerto, Amor vos erra,
por parte do desejo cometendo
algum nefando e torpe desatino;
se ainda mais que ver, enfim, pretendo;
fraquezas são do corpo, que é de terra,
mas não do pensamento, que é divino.
Se tão alto imagino
que de vista me perco – peco nisto –,

desculpa-me o que vejo;
que se, enfim, resisto
contra tão atrevido e vão desejo,
faço-me forte em vossa vista pura,
e armo-me de vossa fermosura.

Das delicadas sobrancelhas pretas
os arcos, com que fere, Amor tomou,
e fez a linda corda dos cabelos;
e, porque de vós tudo lhe quadrou,
dos raios desses olhos fez as setas
com que fere quem alça os seus, a vê-los.
Olhos, que são tão belos,
dão armas de vantagem ao Amor,
com que as almas destrui;
porém, se é grande a dor,
co a alteza do mal a restitui;
e as armas com que mata são de sorte
que ainda lhe ficais devendo a morte.

Lágrimas e suspiros, pensamentos,
quem deles se queixar, fermosa Dama,
mimoso está do mal que por vós sente.
Que maior bem deseja quem vos ama
que estar desabafando seus tormentos,
chorando, imaginando docemente?
Quem vive descontente
não há-de dar alívio a seu desgosto,
por que se lhe agradeça;
mas com alegre rosto
sofra seus males, para que os mereça;
que quem do mal se queixa, que padece,
fá-lo porque esta glória não conhece.

De modo que, se cai o pensamento
em algüa fraqueza, de contente
é porque este segredo não conheço:
assi que com razões, não tão-somente
desculpo ao Amor de meu tormento,
mas ainda a culpa sua lhe agradeço.
Por esta fé mereço
a graça, que esses olhos acompanha,
o bem do doce riso;
mas porém não se ganha
cum paraíso outro paraíso.
E assi, de enleada, a esperança
se satisfaz co bem que não alcança.

Se com razões escuso meu remédio,
sabe, Canção, que, porque não vejo,
engano com palavras o desejo.



Luís Vaz de Camões

Nossa maior fraqueza está em desistir. O caminho mais seguro para o sucesso é sempre tentar apenas uma vez mais.

Thomas Edison

A excessiva atenção que se presta ao perigo faz que muitas vezes nele se caia.

Jean de La Fontaine

Talvez a melhor pergunta que você pode memorizar e repetir continuamente é: "qual o uso mais valioso para o meu tempo neste momento?"

Brian Tracy

A luta é lei da vida, devendo ser enfrentada uma e mil vezes, não com insegurança, senão com plena consciência de que é ineludível.

Carlos Bernardo Gonzalez Pecotche

"A beleza
é a única coisa
preciosa na vida.
É difícil encontrá-la
Mas quem consegue,
descobre tudo."



Charles Chaplin

"Se não consegues entender
que o céu deve estar dentro
de ti, é inútil buscá-lo
acima das nuvens
e ao lado das estrelas.
Por mais que tenhas errado
e erres, para ti haverá
sempre esperança,
enquanto te envergonhares
de teus erros."


Charles Chaplin

Reverência ao Destino...

Falar é completamente fácil, quando se tem palavras em mente que expressem sua opinião.
Difícil é expressar por atitudes e gestos o que realmente queremos dizer, o quanto queremos dizer, antes que a pessoa se vá.

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias.
Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.

Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir.
Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.

Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação.
Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

Fácil é demostrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado.
Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.

Fácil é mentir aos quatro ventos o que tentamos camuflar.
Difícil é mentir para o nosso coração.

Fácil é ver o que queremos enxergar.
Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.

Fácil é dizer ” oi " ou ” como vai ? "
Difícil é dizer "adeus". Principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...

Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados.
Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo, como uma corrente elétrica, quando tocamos a pessoa certa.

Fácil é querer ser amado.
Difícil é amar completamente só. Amar de verdade, sem ter medo de viver, sem ter medo do depois. Amar e se entregar. E aprender a dar valor somente a quem te ama.

Fácil é ouvir a música que toca.
Difícil é ouvir a sua consciência. Acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.

Fácil é ditar regras.
Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.

Fácil é perguntar o que se deseja saber.
Difícil é estar preparado para escutar esta resposta. Ou querer entender a resposta.

Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade.
Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria.

Fácil é dar um beijo.
Difícil é entregar a alma. Sinceramente, por inteiro.

Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida.
Difícil é entender que somente uma vai te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.

Fácil é ocupar um lugar na caderneta telefônica.
Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.

Fácil é sonhar todas as noites.
Difícil é lutar por um sonho.

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.





Eu Te Amo

Eu tenho um sorriso estendido de orelha a orelha
Eu vejo você caminhando pela estrada
Nós nos encontramos nas luzes, Eu observo por um instante
O mundo a nossa volta desaparece
É só você e eu na minha ilha de esperança
Um suspiro entre nós poderia ser milhas
Deixe me estar a sua volta, um mar para a sua costa
Deixe me acalmar sua procura

Mas toda vez que eu estou perto de você
Há tanto que eu não posso dizer
E você apenas vai embora

E eu esqueci de dizer
Eu amo você
E as noites são longas demais
E frias aqui
Sem você
E sofro na minha condição
Para nao conseguir achar as palavras para dizer
Eu preciso de você tanto

Mas toda vez que eu estou perto de você
Há tanto que eu não posso dizer
E você apenas vai embora

E eu esqueci de dizer
Eu amo você
E as noites são longas demais
E frias aqui
Sem você
E sofro na minha condição
Para nao conseguir achar as palavras para dizer
Eu preciso de você tanto



I Love You (tradução)
Sarah Mclachlan

O sucesso é uma jornada, não um destino. A ação é geralmente mais importante que o resultado. Nem todo mundo pode ser o Número 1.

Arthur Ashe

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